domingo, 19 de maio de 2013

Monomania




Eu queria um poema que não falasse de você
Mas todos os meus versos rimam com seu nome
E todas as minhas palavras traduzem seu sobrenome
Parece perseguição, mas é apenas minha velha opinião

Você deve estar cansado de ler o que lhe escrevo
De prestar atenção nos meus desabafos sincronizados
Nas palavras bonitas e frases longas que mais parecem um conto de Assis

Você vem com suas palavras simples dizendo o mesmo que eu
Mas eu fantasio suas falas
E te imagino na minha sacada feito Romeu apaixonado

sábado, 18 de maio de 2013

Eu espero




Não tenho a certeza de um amor incerto
Não tenho a pureza de um olhar sincero
Só tenho a certeza de um querer e espero

Espero não estar sendo egoísta
Espero não estar sendo fascista
Espero não estar te trazendo pra minha injustiça

Olhe pra mim um dia ao menos
Me abrace de novo e eu me perco em pensamentos
Seja você e continue me surpreendendo

Queria dedicar esse poema a você
Que mora tão distante daqui, mas faz meu coração amolecer
Queria te dar o dobro do que me dá
Mas você sabe que eu sou estranha e complicada

Faça uma prece
Reze por mim
Lembre-se sempre
Insista até o fim.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Insônia

Troquei minha lanterna pela luz do sol 
Deixei os raios entrarem e as letras sumirem 
Na escuridão a inspiração me atormenta 
Na claridade o vazio me penetra.

Qual é o problema?



Não gosto de conversar com seu João, não que ele seja uma pessoa ruim ou de papo furado, mas é que toda conversa com seu João parece um monólogo meu, um desabafo, mal consigo ouvir a voz do meu sindico. Sexta passada eu cheguei cedo do encontro no barzinho com meus amigos e seu João estava lá, sentando em sua cadeira giratória, mostrando seu sorriso sincero e de dente amarelado para qualquer um que entrasse no prédio “Boa noite, dona Ana” o som nasalado de sua voz ecoou pela entrada que naquele momento se encontrava vazia, como resposta seu João recebeu apenas um “Noite” da minha parte, as rugas da testa dele começaram a ficar em evidência parecia que ele sabia dos meus problemas, seu João sempre sabia. “Qual é o problema?” o tom sério e a preocupação estavam expostos, seu João poderia estar preocupado apenas com meu apartamento no 7º andar ou com o encanamento do apartamento ao lado do meu que cismava em fazer barulhos durante a noite, mas eu sabia que devia falar do meu real problema no momento “Lealdade, seu João”.
Seu João era homem vivido de grande sabedoria, não precisava falar pra sabermos que ele esperava bem mais que uma simples palavra “Sou leal demais, seu João, mesmo quando não preciso mais ser leal a ninguém eu continuo sendo. Acho impossível deixar de gostar de quem gostei um dia, é difícil não confiar mais, tenho esse problema de amar demais e confiar demais.” Estava doendo o peito e seu João me ofereceu a cadeira de ajudante ao seu lado, eu adorava aquela cadeira, “Eu não entendo como conseguem, não entendo esse amor até deixar de ser, isso vale pra tudo não é? Mas mamãe sempre dizia que não importa o que sua filhinha se tornasse ela sempre me amaria, por que todos os amores não podem ser eternos como o de mamãe?” Olhei de soslaio para seu João, os olhos do homem estavam fixos em mim e a expressão amigável não saia de seu rosto, às vezes chegava a ser irritante “Vi meus amigos brigarem ontem e exigirem a lealdade dos outros na mesa, mas como escolher entre seus dois melhores amigos e manter a amizade com os dois depois? Isso não me parece nada justo, seu João. Eu não pude. Eu não quis escolher isso. Tem vezes que eu não quero nem ao menos escolher entre escova de dente normal e escova elétrica, mas meus amigos não são escovas e eles exigem que eu escolha um ou o outro então eu fui embora, fiz errado seu João?” Eu não sabia se seu João estava afirmando ou negando, contudo não consegui parar de falar “Estou com medo de perder alguém, não sei como deixam com facilidade que a amizade se esvaia, eu até tento não ligar as vezes e vejo que todo mundo sabe fazer isso bem melhor do que eu, mas não me preocupo mais com isso, enquanto eu me importar vai fazer sentido essas amizades diferentes e todas essas pessoas sem nenhuma ligação sorrindo e bebendo juntos só pelo prazer da companhia um do outro não é?” Sorri para seu João que parecia ter paralisado naquela posição “Obrigada, seu João” eu lhe dei um abraço rápido e fui me levantando para ir em direção ao elevador que tinha uma placa de ‘Em Manutenção’ bufei irritada e virei para seu João carrancuda “Deviam consertar esse elevador, seu João, estou cansada de subir escada não podemos continuar com esse problema.”

terça-feira, 14 de maio de 2013

Suruba Esquizofrenicamente Sentimental



Se você quiser decidir algo por mim, aproveite. Pois a partir desse instante, me isento de qualquer responsabilidade pelos meus não atos.
Eu tentei te dizer que essa escolha não seria minha, mas você acreditou na verdade que você mesmo criou. Eu aceitei o meu sim e você quis procurar pelo não.
Se é sua escolha, que eu tenho a ver com isso? Se é sua verdade, que eu posso fazer com isso? Agora quando eu abrir meus olhos e tiver de encarar essa realidade indesejada e ignorável, eu sei que quem vai ter de beber dessa água intratável e intragável serei eu, então recomendo que não leia as próximas linhas, elas serão indiretamente direcionadas à culpar você.
Eu avisei que meu coração era indesejável, impenetrável e intragável. Mas sua inocência e sua crença te fizeram acreditar que eu seria como um barro a ser moldado por você. É sua culpa por acreditar naquilo que não deve, confiar no mundo, achar que minha indiferença fazia parte de um medo que eu não superava. Se há medo não quero superá-lo e não irei estou em minha zona de conforto e você está tentando penetrar minhas barreiras. Não ultrapasse os limites.
Já ouviu aquela do gigante atrás da gaiola? Então...sou como o gigante atrás da gaiola. E não estou dizendo errado. É atrás mesmo. E nem pense que você pode simplesmente ultrapassar a gaiola, ou quebrar a gaiola, ou pular a gaiola, ou seja lá que raios essa sua mente de criatividade idiota pode inventar para ultrapassar a gaiola. Porque o que há atrás dela é um gigante. Você já viu um gigante? Então continue assim.
Eu estive em um conto de fadas e as fadas morreram. Você achou que era um príncipe, mas sua armadura era de papelão, seu cavalo era seu melhor amigo idiota e sua espada fora quebrada com a realidade da vida. Esqueça a princesa indefesa, esqueça a salvação e esqueça que você pode fazer alguma coisa para chegar até mim.
Porque não dá mais pra cronometrar o tempo passando no relógio que o gigante quebrou. Não dá pra abrir a porta da gaiola que o gigante emperrou. E mais do que isso, a partir de agora o gigante não se responsabiliza pelos danos causados. Você está por sua conta e risco. Be carefull!

Não é amor.



Não gosto desse jeito das pessoas que precisam uma da outra, gostar tem que ser livre, sem amarras, sem desespero, sem dor... Quando passa disso é obsessão e não amor. Mas é fácil eu dizer isso quando o motivo da minha afeição não está por perto, não há como eu me desesperar por seu amor, a distância não me deixa prender seu amor a mim e eu só aceito essa condição.

Repito pra mim no café, almoço e jantar que aqui é o meu lugar e recuso as oportunidades de estar ao seu lado, pois foi o que ele disse: não vai dar certo. Eu acreditei nisso e não me deixei apaixonar, apenas sentir e desejar já está bom, assim não me quebro, assim não me dou e assim não doo.
Já dizia Chico Buarque “Tantas águas rolaram, quantos homens me amaram bem mais e melhor que você.” Tantos rostos, tantos possíveis amores e eu querendo esse não amor. Mas qual o motivo de eu ainda querer você? Sei que não devo, sei que não quero te querer, mas não consigo simplesmente te ignorar e seguir adiante sem esse meu querer-te. E eu não gosto de escritas de amor e essa já ficou tão pior que uma carta ridícula de amor, pois não há amor e é tão ridícula quanto você.