quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A música que se apaixonou pelo rádio

Caminhar um caminho bifurcado

A dois passos de cada lado

É a perdição que assolou o coração

Ao flutuar na solidão a dois

 

Numa valsa sincronizada eles enlaçam os dedos

Duas mãos se encontrando

Mas os passos se perdem

A música acaba

E o que resta?

São dois pés a dois passos do fim da dança

 

Uma via expressa 

Dois carros a deriva

Um de janelas fechadas e ar ligado

‘Ninguém precisa ver minha privacidade’

O outro aproveitando a brisa do verão baixou a capota

‘Compartilharei com o mundo a minha felicidade’

Os dois colidem

‘Oh que dó, a felicidade não sobreviveu’

A privacidade apenas saiu

Com um arranhão próximo ao coração

 

Dá pra acreditar? Em histórias de inverno?

No amor que é dado ao relento mal fadado?

Da pra acreditar? Em verdades não ditas?

No amor que não é compartilhado, apenas dado?

 

Eu teria uma lupa para explorar a imensidão do seu coração

Compraria um telescópio para ver quão longe alcança a sua imaginação

Penhoraria todos os meus pertences para comprar o primeiro ticket da sessão

Em cartaz, um filme em ascensão

A história do homem que falou demais

 

De todos os amores do mundo

Existe apenas uma verdade

Abra o coração

Mas deixe a sete chaves

A sua maior ambição