sábado, 25 de outubro de 2014

Distopia

Meus olhos se depararam com aquela visão às 22h da noite de sábado e não era o tipo de visão que você esquece com facilidade, ela entrou em seu vestido vermelho, tão típico de mulheres que querem arrancar seu coração, eu gostaria de ter aproveitado quando ela me deu seu coração, mas idiota que eu sou deixei que hoje nos encontrássemos e seu braço estivesse apoiado no de um outro homem. Ela sorria como sorria comigo, ela piscava seus olhos para aquele que não era eu e as pessoas a sua volta a divertiam como quando éramos jovens e todos os nossos amigos os achavam o melhor casal do lugar. Aquilo fazia tempo e agora eu era apenas um tolo de terno olhando para a garota que eu perdi em seu salto esmagador de qualquer testosterona. A mão dele se estendeu a chamando para uma dança a dois e ela se levantou mais radiante que nunca, meus pensamentos voltaram para o exato momento que ela me perguntou: “Quer dançar?” E eu estava ocupado demais bebendo minha cerveja e falando com meus amigos que apenas neguei com a cabeça, não a olhei, não disse não, apenas neguei sem lhe dar um minuto de atenção. Os corpos deles estavam próximos e ele a girou fazendo com que seus corpos colidissem e ela risse como se aquilo fosse engraçado, como se meu coração já não estivesse dilacerado o suficiente. Eu caminhei para a saída deixando meu copo de uísque na bancada eu precisei olhar para ela uma última vez antes de ir embora, ele tirou uma única rosa de seu paletó e entregou para ela e naquele mesmo instante os olhos dela se encontraram com os meus, ou talvez tenha sido invenção da minha cabeça, e eu quase fui até lá o dizer que ela preferia girassóis, mas eu apenas sorri para ela e fui embora deixando que ela tivesse o que eu não podia lhe dar.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014